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por Cláudio Bueno da Silva

Afastamento terapêutico


Einstein não foi apenas gênio na Ciência. Deixa para trás, na concepção de ideias, muitos filósofos modernosos, teólogos da conveniência, intelectuais que escrevem para si mesmos.

É atribuída a ele uma frase que circula por aí: “Pessoas fracas vingam-se. Pessoas fortes perdoam. Pessoas inteligentes ignoram.” Independentemente de ser dele ou não, o pensamento pode ser proveitosamente refletido.

Vingar-se é fora de questão. A vingança iguala o vingador ao agressor. Já perdoar é um efetivo ato de amor. Jesus de Nazaré foi o maior defensor do perdão entre os homens. É a primeira coisa que devemos pensar quando nos sentimos ultrajados. A questão é que estamos todos aprendendo ainda como fazer isso bem feito.

Se o ato de vingar-se é desprezível e perdoar de verdade nem sempre é fácil, sobra-nos a alternativa de ignorar.  Mas até aí há dificuldade. O sentido que Einstein dá à atitude de ignorar é ser sobranceiro, altivo, superior, do ponto de vista moral. Mas para isso é preciso serenidade, um controle sobre si mesmo que nem todos têm.

O ideal seria que os conflitos se amainassem pacífica e respeitosamente. Mas se as alternativas propostas por Einstein (vingar-se, perdoar de verdade, ignorar) definitivamente não se aplicarem, o que fazer?

Para esses casos costuma-se indicar a tolerância. Mas por quanto tempo? Se um conflito se arrastar por tempo indeterminado e nenhuma atitude for tomada, não se estará sendo conivente e cúmplice com tudo o que de ruim possa advir? Contemporizar indefinidamente soluciona ou agrava os problemas?

Afastar-se do foco causador de conflitos é, para mim, solução preventiva e caridosa. Não endosso o esgarçamento das relações, mas entendo como direito de cada um preservar sua própria integridade mental, psíquica e espiritual, que podem ser seriamente perturbadas por relações tóxicas, físicas ou virtuais, com pessoas doentes por opção.  Normalmente está em jogo aí muita energia ruim, nociva.

O afastamento inteligente e terapêutico será saudável para os envolvidos nessas crises aparentemente sem solução, mas principalmente saudável para a pessoa que já compreende os benefícios da paz interior duramente conquistada, e que preza sua saúde mental; para a pessoa que já construiu no meio social relações respeitosas e fraternas.

A vida, em sua sabedoria, reunirá um dia, se for necessário, esses personagens que hoje não têm a mínima condição de conviverem próximos sem que haja prejuízo para todos.                     
 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita