Afastamento terapêutico
Einstein não foi apenas gênio na Ciência. Deixa para
trás, na concepção de ideias, muitos filósofos
modernosos, teólogos da conveniência, intelectuais que
escrevem para si mesmos.
É atribuída a ele uma frase que circula por aí: “Pessoas
fracas vingam-se. Pessoas fortes perdoam. Pessoas
inteligentes ignoram.” Independentemente de ser dele ou
não, o pensamento pode ser proveitosamente refletido.
Vingar-se é fora de questão. A vingança iguala o
vingador ao agressor. Já perdoar é um efetivo ato de
amor. Jesus de Nazaré foi o maior defensor do perdão
entre os homens. É a primeira coisa que devemos pensar
quando nos sentimos ultrajados. A questão é que estamos
todos aprendendo ainda como fazer isso bem feito.
Se o ato de vingar-se é desprezível e perdoar de verdade
nem sempre é fácil, sobra-nos a alternativa de ignorar.
Mas até aí há dificuldade. O sentido que Einstein dá à
atitude de ignorar é ser sobranceiro, altivo, superior,
do ponto de vista moral. Mas para isso é preciso
serenidade, um controle sobre si mesmo que nem todos
têm.
O ideal seria que os conflitos se amainassem pacífica e
respeitosamente. Mas se as alternativas propostas por
Einstein (vingar-se, perdoar de verdade, ignorar)
definitivamente não se aplicarem, o que fazer?
Para esses casos costuma-se indicar a tolerância. Mas
por quanto tempo? Se um conflito se arrastar por tempo
indeterminado e nenhuma atitude for tomada, não se
estará sendo conivente e cúmplice com tudo o que de ruim
possa advir? Contemporizar indefinidamente soluciona ou
agrava os problemas?
Afastar-se do foco causador de conflitos é, para mim,
solução preventiva e caridosa. Não endosso o
esgarçamento das relações, mas entendo como direito de
cada um preservar sua própria integridade mental,
psíquica e espiritual, que podem ser seriamente
perturbadas por relações tóxicas, físicas ou virtuais,
com pessoas doentes por opção. Normalmente está em jogo
aí muita energia ruim, nociva.
O afastamento inteligente e terapêutico será saudável
para os envolvidos nessas crises aparentemente sem
solução, mas principalmente saudável para a pessoa que
já compreende os benefícios da paz interior duramente
conquistada, e que preza sua saúde mental; para a pessoa
que já construiu no meio social relações respeitosas e
fraternas.
A vida, em sua sabedoria, reunirá um dia, se for
necessário, esses personagens que hoje não têm a mínima
condição de conviverem próximos sem que haja prejuízo
para todos.
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