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por José Reis Chaves

 

Os demônios bons nos ajudam; ajudemos os maus


Os leitores dos meus artigos sabem que alma ou espírito em grego, a língua da Bíblia em seu Novo Testamento, é “daimon” (no plural “daimones”).
“Daimon” nos dicionários é traduzido também para o português como espírito familiar e gênio, pois é muito comum o espírito desencarnado reencarnar no corpo de uma criança que nasce na família do espírito.
O Espiritismo é rigoroso com relação ao sabermos se o espírito que se manifesta é bom (evoluído) ou mau (atrasado), como recomendam São João (Primeira Carta 4:1) e Kardec. João ensina que o mundo já está cheio de falsos profetas (médiuns) que acreditam nos ensinamentos errados de espíritos atrasados.
Todas as religiões, geralmente, tiveram início com fenômenos mediúnicos ou de manifestações de espíritos envolvendo os fundadores delas, fenômenos esses que São Paulo denominou de dons espirituais, exatamente, porque envolvem espíritos.
Vamos entrar agora num assunto de que não gosto de falar: mostrar erro da Bíblia. Antes, porém, vou mostrar uma passagem dela para preparar o leitor sobre o que vou abordar. Certa vez, os apóstolos perguntaram a Jesus quando seria o final dos tempos (não do mundo!), Jesus lhes respondeu que nem os anjos dos céus sabiam isso. E como se percebe, Jesus até colocou estes anjos dos céus superiores a Ele, e acrescentou que somente Deus, o Pai, sabe esse dia! (Mateus 24:36). E vamos ao erro a que me referi. Paulo diz que é um só espírito o responsável pela diversidade dos fenômenos de dons espirituais. Queria ele dizer que tudo que acontece está nas mãos de Deus? Acontece que Deus respeita, rigorosamente, em tudo, o livre-arbítrio dos espíritos que somos, encarnados ou desencarnados. E ele ensinou de acordo com a ciência da época dele sobre o contato com os espíritos, ciência essa muito elementar naquele tempo. Aliás, só por volta de 1850, mais ou menos, essa questão da mediunidade ou do contato com os espíritos foi devidamente esclarecida por Kardec. E, assim, Paulo não pôde falar corretamente sobre os fenômenos espirituais ou mediúnicos, humanos e não divinos, o que não é estranho, pois, como vimos, nem Jesus sabia tudo!
E terminando esta matéria, como diz seu título, devemos ajudar os “daimones” maus ou pouco evoluídos nos nossos contatos mediúnicos que temos com eles, e com preces e missas por eles, pois ficam confusos, principalmente quando recém-desencarnados. E quanto aos bons ou já bem evoluídos e até já meio santos ou meio angélicos, eles é que podem nos ajudar, como Nossa Senhora e os santos, canonizados ou não.


 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita