Os demônios bons nos
ajudam; ajudemos os maus
Os leitores dos meus artigos sabem que alma ou espírito
em grego, a língua da Bíblia em seu Novo Testamento, é
“daimon” (no plural “daimones”).
“Daimon” nos dicionários é traduzido também para o
português como espírito familiar e gênio, pois é muito
comum o espírito desencarnado reencarnar no corpo de uma
criança que nasce na família do espírito.
O Espiritismo é rigoroso com relação ao sabermos se o
espírito que se manifesta é bom (evoluído) ou mau
(atrasado), como recomendam São João (Primeira Carta
4:1) e Kardec. João ensina que o mundo já está cheio de
falsos profetas (médiuns) que acreditam nos ensinamentos
errados de espíritos atrasados.
Todas as religiões, geralmente, tiveram início com
fenômenos mediúnicos ou de manifestações de espíritos
envolvendo os fundadores delas, fenômenos esses que São
Paulo denominou de dons espirituais, exatamente, porque
envolvem espíritos.
Vamos entrar agora num assunto de que não gosto de
falar: mostrar erro da Bíblia. Antes, porém, vou mostrar
uma passagem dela para preparar o leitor sobre o que vou
abordar. Certa vez, os apóstolos perguntaram a Jesus
quando seria o final dos tempos (não do mundo!), Jesus
lhes respondeu que nem os anjos dos céus sabiam isso. E
como se percebe, Jesus até colocou estes anjos dos céus
superiores a Ele, e acrescentou que somente Deus, o Pai,
sabe esse dia! (Mateus 24:36). E vamos ao erro a que me
referi. Paulo diz que é um só espírito o responsável
pela diversidade dos fenômenos de dons espirituais.
Queria ele dizer que tudo que acontece está nas mãos de
Deus? Acontece que Deus respeita, rigorosamente, em
tudo, o livre-arbítrio dos espíritos que somos,
encarnados ou desencarnados. E ele ensinou de acordo com
a ciência da época dele sobre o contato com os
espíritos, ciência essa muito elementar naquele tempo.
Aliás, só por volta de 1850, mais ou menos, essa questão
da mediunidade ou do contato com os espíritos foi
devidamente esclarecida por Kardec. E, assim, Paulo não
pôde falar corretamente sobre os fenômenos espirituais
ou mediúnicos, humanos e não divinos, o que não é
estranho, pois, como vimos, nem Jesus sabia tudo!
E terminando esta matéria, como diz seu título, devemos
ajudar os “daimones” maus ou pouco evoluídos nos nossos
contatos mediúnicos que temos com eles, e com preces e
missas por eles, pois ficam confusos, principalmente
quando recém-desencarnados. E quanto aos bons ou já bem
evoluídos e até já meio santos ou meio angélicos, eles é
que podem nos ajudar, como Nossa Senhora e os santos,
canonizados ou não.
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