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A
conquista de nós
próprios
São muito poucos, no
planeta, que são
senhores de si próprios.
Esta é uma conquista que
estamos a fazer.
A maioria de nós vive
ainda de forma
inconsciente, o que
torna tudo muito mais
difícil. Paulo de Tarso
tem uma frase que
demonstra esta forma de
viver: “Desperta, ó tu
que dormes, e levanta-te
dentre os mortos, e
Cristo te esclarecerá.”
(Efésios 5:14.)
Pensa que é senhor de si
próprio? Vou-lhe fazer
um desafio, fique 30
segundos sem pensar.
Se é senhor de si
próprio, tem o direito
de não pensar, faça-o.
A maioria das pessoas
acredita que são
senhores de si próprios,
ou seja, comandam a sua
vida, porque sofrem a
ilusão do maior dogma
humano, que são eles que
fabricam os pensamentos.
Nas perguntas 459 e 500
d’O Livro dos
Espíritos a
Espiritualidade superior
alerta-nos que o
pensamento não é apenas
um resultado nosso:
459. Influem os
Espíritos em nossos
pensamentos e em nossos
atos?
“Mais do que imaginais,
pois com bastante
frequência são eles que
vos dirigem.”
460. De
par com os pensamentos
que nos são próprios,
outros haverá que nos
sejam sugeridos?
“Vossa alma é um
Espírito que pensa. Não
ignorais que muitos
pensamentos vos acodem a
um tempo sobre o mesmo
assunto e, não raro,
contrários uns dos
outros. Pois bem, no
conjunto deles estão
sempre de mistura os
vossos com os nossos.”
A crença de que o
pensamento é um
resultado apenas da
nossa vontade tem
destruído a humanidade.
O ser humano segue
cegamente o pensamento,
tornando o ato mental em
ação, sem o questionar.
Falam o que pensam,
fazem o que aparece em
suas cabeças, pois
acreditam que os
pensamentos nascem de
sua vontade; então, por
que o haveriam de
questionar?
Temos tido muito pouco
cuidado em vigiar o que
surge em nossas cabeças.
Podemos perceber isso
quando olhamos para os
outros e estão tão
hipnotizados e
inconscientes, pelo
movimento dos seus
pensamentos.
Ficam deliciados em toda
a imaginação que decorre
dentro deles, sem que
coloquem em causa esse
funcionamento
descontrolado.
Se acredita que o seu é
controlado, tente ficar
30 segundos sem pensar.
Vai-lhe parecer
impossível. Como pode
ser um movimento
controlado se ele
acontece
independentemente de
nossa vontade?
A ciência psíquica diz
que temos cerca de
50.000 pensamentos dia.
Parece um número tão
difícil de acreditar,
porque a sua maioria
passa-nos despercebida.
Quem gere a nossa vida é
o pensamento; através
dele nós tomamos as
nossas direções e se
pensa que o que lhe digo
é estranho, leia
novamente a pergunta
459.
Se tivéssemos atenção
suficiente ao nosso
funcionamento mental,
perceberíamos esta
perigosa realidade na
prática, sem ser
necessário nos chamarem
a atenção para o nosso
próprio funcionamento.
De onde acha que nasce o
caos que deparamos na
Terra? Não é da
forma-pensamento do ser
humano?
O crescimento espiritual
acontece pela aquisição
da distância entre o
pensamento e ação. Se
agimos automaticamente,
impulsionados pelo
pensamento, não temos
qualquer livre-arbítrio,
pois o livre-arbítrio
acontece na escolha da
ação, sem impulso.
Se surge a vontade de um
vício, através do
pensamento, e o seguimos
impulsivamente, qual o
livre-arbítrio que pode
estar a acontecer?
Nestes casos, o
livre-arbítrio é a
aquisição da distância
entre o pensamento e a
ação.
O pensamento, em si,
pode não ser um direito
livre, pois existem o
que nos são inspirados
por irmãos, tal como é
referido nas questões
acima, os que são
repetitivos pelos vícios
e hábitos terrenos, como
podemos ver logicamente
em nós, e os de
resultado de caráter, o
que chamamos de feitio,
pois resulta sempre numa
repetição de movimento
mental, o que nos parece
ser uma teimosia.
São poucos os que sobram
na Terra, que realmente
acontecem pela liberdade
do espírito. Não são
difíceis de perceber
quais são; aliás, são
muito simples. Estão
ligados às virtudes
espirituais que
acontecem no silêncio da
mente. Se vemos algo de
errado e sentimos um
impulso de compaixão,
esta nasce de nosso
interior, colmatando em
um pensamento
compassivo. Se alguém
nos faz mal e sentimos
um impulso para nos
afastar da mágoa e a
levar-nos ao perdão,
colmatando em
pensamentos dóceis de
perdão.
A maioria dos
pensamentos que
acontecem após impulsos
de amor, que nos levam a
movimentos mentais em
direção ao perdão, à
indulgência, resignação,
compaixão e todas as
virtudes espirituais que
Jesus ensinou em seu
Evangelho, são escolhas
livres do Espírito, não
fosse ele o filho de
Deus.
Todo o resto são
movimentos nossos ou
inspirados por irmãos ou
pelo meio ambiente, que
surgem automatizadamente
de outros ou de
processos mentais
automáticos, como os
vícios, hábitos, desejos
e caráter, pelos quais
temos de passar e
desapegar para que
cresçamos
espiritualmente.
Podemos ver este
procedimento automático
num vicio físico, como o
álcool ou tabaco,
podemos vê-lo também
numa forma de caráter,
como a maledicência ou a
agressividade, podemos
ver no desejo, como
querer ter um telemóvel
novo, que não sai de
nossa mente, ou num
problema que, mesmo
deitados à noite, o
pensamento não para.
Não se deixe confundir
com o que eu estou a
dizer, pois este
automatismo não retira a
nossa responsabilidade.
Embora o automatismo não
seja propriamente um ato
de livre-arbítrio, a
aceitação do seu
funcionamento torna-o
uma vontade nossa.
Como exemplo, imagine
uma pessoa que tem o
hábito da maledicência
e, a cada situação que
vê dos outros, a
tendência é falar mal.
Esse automatismo é
independente de sua
vontade, mas seguir para
a frente com a ação é de
sua vontade, que pode
perfeitamente
reprimi-lo.
Podemos ver isto na
pergunta 461 d’O
Livro dos Espíritos,
em que é dito que não
existe interesse saber o
que é nosso ou não é, o
importante é o que
escolhemos fazer. Se
escolhermos manter o
hábito, então o
automatismo do hábito é
nossa responsabilidade,
embora muitas vezes o
pensamento inicial para
o repetir seja
inspirado:
461. Como
havemos de distinguir os
pensamentos que nos são
próprios dos que nos são
sugeridos?
“Quando um pensamento
vos é sugerido, tendes a
impressão de que alguém
vos fala. Geralmente, os
pensamentos próprios são
os que acodem em
primeiro lugar. Mas,
afinal, não vos é de
grande interesse
estabelecer essa
distinção. Muitas vezes,
é útil que não saibais
fazê-la. Não a fazendo,
obra o homem com mais
liberdade. Se se decide
pelo bem, é
voluntariamente que o
pratica; se toma o mau
caminho, maior será a
sua responsabilidade.”
Veja neste momento em si
o automatismo do
pensamento, exigindo à
sua mente que discipline
seus pensamentos.
Veja o que acontece,
como esse movimento é
automatizado.
A consciência desta
verdade é uma conquista
espiritual, que estamos
a viver neste momento na
Terra.
“Vós sois escravos do
pecado…” (João, 8:34.)
Bruno Abreu reside em
Lisboa, Portugal.
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