Entrevista

por Orson Peter Carrara

Uma jovem espírita diante do legado de Cairbar Schutel


 
Natural de São Bernardo do Campo (SP) e residente em Matão (SP), Amanda Hevia Raimundo (foto) é formada em Administração de Empresas, graduanda em Engenharia de Produção. Profissional da área de Melhoria Contínua. Vincula-se ao Centro Espírita O Clarim e à editora de mesmo nome, ambos fundados por Cairbar Schutel em Matão (SP), nos quais atua como voluntária.

 

Como se tornou espírita?

Acredito que o próprio movimento da vida me levou a esta efetiva conversão. Nasci dentro do contexto católico, mas sempre estudamos a Doutrina Espírita, minha bisavó era médium, então sempre enxerguei a relação entre mundo material e espiritual com naturalidade. Vivi um período de grandes mudanças entre 2017 e 2021, que envolveu a vinda para Matão pela 1⁰ vez para estudar, depois o retorno para São Bernardo do Campo, e a vinda pela 2⁰ vez para Matão, em 2021, que sempre brinco ser a "vinda oficial". Os anos de 2021 a 2023 foram de intenso processo de adaptação, cura e fortalecimento interior. A equipe do Clarim que conheço desde 2017 me acolheu com tanto carinho e amparo que aos poucos fui entendendo o propósito dessa transição e desde então busquei dar o meu melhor nas atividades da Casa, no estudo da Doutrina Espírita e na Reforma Íntima.

O que mais lhe chama atenção na Doutrina Espírita?

A lógica das explicações dentro de um contexto enigmático que é a nossa existência. De onde viemos? Para onde vamos? Por que e para que passamos por desafios, nos quais consideramos que são sofrimentos? Se encararmos os desafios com resignação e entendimento, deixa de ser sofrimento e passa a ser evolução. A vida fica muito mais leve e produtiva, pois passamos a investir menos tempo e energia em frivolidades vindas do materialismo e mais tempo e energia nas ações que vão ao encontro do espiritualismo.

Sendo jovem, como você vê o movimento espírita em geral?

"Se você é jovem ainda, amanhã velho será, a menos que o coração sustente... a juventude que nunca morrerá" (referência do conhecido personagem da série televisiva Chaves).

Hoje em dia se popularizou dizer entre os jovens: "Sou um(a) jovem senhor(a) que ama filmes, livros, e ficar de boa". Há nada de errado nisso, eu ainda incluo que amo dormir (risos), no entanto, precisamos revitalizar nossas energias e esforços para manter acessa a energia vital que Deus nos concede a cada dia e para todas as idades.

Cada um tem suas responsabilidades, limitações e compromissos, e um deles, definitivamente, deveria ser o ato de servir a Deus no máximo de benfeitoria que puder fazer.

Estamos todos olhando para a mesma meta que é a Evolução da Humanidade para o Mundo de Regeneração. Ora, criemos juntos os objetivos para alcançá-la!

O que estamos fazendo é suficiente e agrada a Deus mediante o que Ele espera de nós? Como podemos listar as demandas e elaborar os planos de ação para termos mais produtividade e qualidade no trabalho do bem?

Considera que o conflito de gerações influi de forma expressiva nas atividades? Se negativa ou positiva sua resposta, como vê essa ocorrência?

Desde quando comecei a participar mais ativamente nas atividades, observo detalhes que são essenciais para a constituição do trabalho no bem. Existe uma diferença entre ter experiência e ter vivência. Um jovem pode ter pouca vivência devido a pouca idade, mas a vontade de extrair conhecimento mediante o contexto o fez ter experiência. Um senhor pode ter muitos anos de vivência, no entanto, se não se esforçou para extrair o conhecimento mediante os desafios, terá pouca ou experiência alguma.

Jovens espíritas, sejam unidos, discutam assuntos importantes, não percam tempo com inutilidades e conteúdos não edificantes.

Adultos, envolvam as crianças e jovens na evangelização e nas atividades comunitárias, seja na Casa Espírita ou em benefício da sua comunidade.

Atuando no CLARIM, como percebe este legado de Cairbar Schutel?

Há vibrações extremamente positivas atreladas àquelas paredes, que dão esperança para cada um que entra naquela Casa, seja para conhecer, para frequentar ou para trabalhar.

Cairbar atuou fortemente na divulgação do Evangelho de Jesus, na propagação dos conhecimentos e fatos à luz da Doutrina Espírita pelo mundo. Temos profissionais na área de comunicação atuando nesse trabalho com muito compromisso, e também temos uma equipe de voluntários que nos pequenos detalhes levam consolo àqueles que buscam acalento. O legado está vivo e Cairbar espera muito de nós, afinal, é uma relação de confiança mútua.

E a experiência de produzir pequenos vídeos, seja de eventos ou de livros, como tem sentido?

Me sinto uma discípula de Cairbar (risos). Eu gosto de criar conteúdos e estimular a criatividade para fazer vídeos que cativem as pessoas. Certa vez durante um evento um senhor me abordou e disse como se me conhecesse há tempos "Amanda! Bom te ver", e eu sem graça por não me recordar dele disse "Bom ver o senhor também, por favor, refresque-me a memória de onde nos conhecemos?", e ele carinhosamente sorrindo disse "Nos vemos todas as vezes que abro o celular e vejo os seus vídeos publicados pelo Clarim". Ambos rimos e me senti envolvida por uma energia muito boa, como se cada vez que ele assistisse a um vídeo meu estivéssemos trocando ideias tomando um café da tarde.

Como percebe a questão das palestras espíritas, com referência aos palestrantes, aos temas?

Percebo que são palestrantes muito bem preparados, que estudam e vivem o tema em suas realidades. Já ouvi falar que a palestra é mais para o palestrante do que para o ouvinte, que a espiritualidade inspira o tema. Acredito que cada um de nós pode se desenvolver para ministrar palestras por meio da boa oratória, postura, mas principalmente pela qualidade do conteúdo baseado em Kardec. Lembremos que na vida material não somos eternos, e que novas gerações precisam estar preparadas para assumir este compromisso.

De sua vivência espírita, o que gostaria de destacar?

É sempre tempo de mudar, seja de comportamento, pensamento, paradigmas obsoletos ou preconceitos que nunca deveriam ter existido. Essas mudanças são motivadas por propósitos da existência. A partir do momento que aceitamos a imortalidade da alma, enxergamos a vida como uma só, ou seja, a eterna que se dá por meios das várias oportunidades reencarnatórias. Esse reconhecimento aumenta o nosso compromisso com a evolução da Humanidade.

Alguma lembrança marcante?

Tenho gravado na memória toda a equipe de voluntários unida na montagem e desmontagem dos eventos, tudo feito com tanto capricho para receber o público nas palestras, seminários, feiras do livro, almoços... é motivador! Também houve duas viagens marcantes: Visita a casa de Chico Xavier, cuja energia transcendeu o meu ser e tomou-me a emoção do começo ao fim. Não tenho palavras para descrever o que é estar frente a frente com o retrato de Maria de Nazaré, que foi ditado por Emmanuel a Chico, e deste ao fotógrafo Vicente D' Ávila, na década de 80. E a escola fundada por Eurípedes Barsanulfo, que possui um memorial onde estão localizados vários objetos, inclusive uma carta escrita por Cairbar Schutel para Eurípedes, no ano de 1918, com aquela caligrafia maravilhosa.

Suas palavras finais.

Agradeço imensamente pelo convite para participar da entrevista. Gratidão a minha família, que sempre deu bons exemplos para me guiar no caminho do bem e à equipe do Clarim pelo acolhimento e que hoje é a extensão da minha família.

 
 

 

     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita