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Ano 8 - N° 397 - 18 de Janeiro de 2015

GERSON SIMÕES MONTEIRO
gerson@radioriodejaneiro.am.br
Rio de Janeiro, RJ (Brasil)

 
 

Gerson Simões Monteiro

A Nova Economia
 
Elementos básicos dos sistemas econômicos. Classificação dos sistemas econômicos na atualidade. Economia, Ecologia e Espiritismo. Fundamentos básicos para uma nova Economia

Participamos no dia 22 de outubro de 2014 da mesa-redonda “Os mansos possuirão a Terra”, discorrendo sobre o tema “A Nova Economia”, na qualidade de Economista, no 3º Congresso Espiritismo: Celebrando Os 150 Anos de O Evangelho segundo O Espiritismo. O congresso foi promovido pelo Programa de Estudos e Pesquisas das Religiões – PROEPER, do Centro de Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ, tendo como representante do Espiritismo a professora Nadja do Couto Valle.

Iniciamos nossa fala apresentando, com o recurso do data-show, dentre outros fundamentos da Nova Economia, a resposta dos Instrutores da Humanidade a Allan Kardec, na questão 930 de O Livro dos Espíritos: “Numa sociedade organizada segundo a lei do Cristo, ninguém deve morrer de fome”.

Etimologia da palavra economia e sua definição

A seguir, passamos a conceituar a etimologia da palavra Economia, que se origina do grego, em que oikos significa casa ou patrimônio e nomos, regra ou norma. Etimologicamente referia-se, pois, à administração doméstica. Com o fim de dar-lhe sua conotação atual acrescentou-se à palavra economia o adjetivo política (do grego polis, cidade). Dessa forma deixava-se claro que a economia tinha como objetivo específico a sociedade e não o indivíduo ou a unidade familiar.

Dando prosseguimento à exposição do tema, apresentamos a definição de Economia como a ciência social que estuda a produção, distribuição e consumo de bens e serviços, e que estuda as formas de comportamento humano resultantes da relação entre as necessidades dos homens e os recursos disponíveis para satisfazê-las.

Esclarecemos, também, que esta ciência está intimamente ligada à política das nações e à vida das pessoas, sendo que uma das suas principais funções é explicar como funcionam os sistemas econômicos e as relações dos agentes econômicos, propondo soluções para os problemas existentes.

Elementos básicos dos sistemas econômicos

Diante da definição de economia e seu campo de abrangência, consideramos que os elementos básicos de um sistema econômico são:

1) os estoques de recursos produtivos ou fatores de produção, que são os recursos humanos (trabalho e capacidade empresarial), o capital, a terra, as reservas naturais e a tecnologia;

2) o complexo de unidades de produção, que são constituídas pelas empresas; e

3) o conjunto de instituições políticas, jurídicas, econômicas e sociais, que constituem a base de organização da sociedade.

Classificação dos sistemas econômicos

Quanto à classificação, atualmente, se conhece a existência de dois sistemas econômicos distintos: o capitalismo e o socialismo.

O sistema capitalista ou economia de mercado é regido pelas forças de mercado, predominantemente a livre iniciativa e a propriedade privada dos fatores de produção. O sistema capitalista predomina na maioria dos países industrializados ou em fase de industrialização e sua economia baseia-se na separação entre trabalhadores juridicamente livres, que dispõem apenas da força de trabalho e a vendem em troca de salário, e capitalistas, os quais são proprietários dos meios de produção e contratam os trabalhadores para produzir mercadorias (bens dirigidos para o mercado) visando à obtenção de lucros.

O Socialismo refere-se a qualquer uma das várias teorias de organização econômica advogando a propriedade pública ou coletiva e administração dos meios de produção e distribuição de bens, e de uma sociedade caracterizada pela igualdade de oportunidades/meios para todos os indivíduos com um método mais igualitário de compensação. Os países atuais que seguem o socialismo e são unipartidários: a República Popular da China, a República Popular Democrática da Coreia (Coreia do Norte), a República de Cuba, a República Socialista do Vietnã e a República Democrática Popular do Laos.

Economia e Espiritismo

Depois de conceituar a Economia, os elementos básicos dos sistemas econômicos e sua classificação, e partindo do fundamento básico da Nova Economia, em que numa sociedade organizada segundo os ensinos de Jesus, “Ninguém deve morrer de fome”, considerando que todos os homens são filhos de Deus e considerando que todos somos imortais, sendo a nossa evolução obtida pela via da reencarnação, propusemos as seguintes reflexões:  

1ª reflexão - O processo evolutivo do Espírito

Nessa oportunidade projetamos o gráfico da Evolução do Espírito, extraído do livro de nossa autoria Reencarnação é Possível Provar, com o objetivo de demonstrar que todos os Espíritos criados por Deus chegarão, um dia, à perfeição espiritual, a mesma alcançada por Jesus. Neste sentido, importa dizer que Deus nos criou para a perfeição e para sermos felizes. A Doutrina Espírita dá ao homem essa grande esperança através da sua filosofia espiritualista e eminentemente evolucionista, descortinando-lhe a sua gloriosa destinação reservada pelo Criador. Ao entender essa meta a conquistar com o seu próprio esforço, o homem sente-se plenamente motivado a regenerar-se e transformar-se em um homem de bem.

2ª reflexão – Diante da proposta de uma nova Economia

Dando prosseguimento, apresentamos as questões 806, 806-a, 811, 811-a,  812, 812-a, do capítulo da Lei de Igualdade de O Livro dos Espíritos, deixando bem claro que as desigualdades sociais são obra do homem e não de Deus, e que elas desaparecerão um dia à medida que o homem progredir moralmente, combatendo o egoísmo, chaga social, segundo as respostas dos Instrutores da Humanidade a Allan Kardec, codificador do Espiritismo.

3ª reflexão – Economia e Ecologia

Ora, sendo a economia a ciência que estuda as formas e comportamento humano na relação entre suas necessidades e os recursos disponíveis para satisfazê-las, é imprescindível uma reflexão sobre o relacionamento entre Ecologia (meio ambiente) e A Nova Economia. Em síntese: “Preservar para crescer e crescer sem destruir”.

Na introdução do Projeto de nossa autoria “Preservação do Meio Ambiente”, enviado ao CEERJ – Conselho Espírita do Estado do Rio de Janeiro em 2005, chamamos atenção para a insânia ambiental, ao afirmar:

É bem verdade que nunca o mundo necessitou tanto de um pensamento renovador e de uma nova filosofia de ação como nesta época em que o processo ambiental se acelera de maneira descontrolada. Porém, não podemos esquecer que é o homem o administrador dos bens da Terra, como situa com muita propriedade o benfeitor espiritual Emmanuel, pela pena de Francisco Cândido Xavier, ao nos elucidar na página Evolução e Aprimoramento (in Livro da Esperança, Edição CEC): “Decididamente, em nome da Eterna Sabedoria, o homem é o senhor da evolução na Terra. Todos os elementos se lhe sujeitam à discrição. Todos os reinos do planeta rendem-lhe vassalagem”.

4ª reflexão – Crescimento populacional

Devemos reconhecer que a Terra dispõe de recursos limitados em todos os campos. E esses recursos estão em constante diminuição. A cada ano, 15 milhões de acres de terra fértil são conquistados pelo deserto na África. Em muitos países não existem mais florestas. O petróleo pode acabar antes que lhe encontrem um substituto. A Humanidade está gastando as riquezas da Terra e sobrecarregando-a de detritos a um ritmo que está se tornando insustentável. Com tanto egoísmo e imprevidência, especialmente por parte dos países mais ricos, como o planeta aguentará os bilhões de novos habitantes previstos para as próximas décadas e séculos?

A espécie humana, usando a inteligência de que é dotada, cria formas de produção necessárias à sua manutenção no orbe terrestre. Entretanto, tais formas esbarram em um obstáculo difícil de ser superado: o consumo das riquezas do planeta aliado à saturação de detritos, a uma velocidade que poderá ser insustentável em virtude do crescimento populacional já constatado, de acordo com projeções bem conhecidas.

A população mundial estimada, que até 1500 era de 500 milhões de habitantes, em 1961 alcançava a casa dos três bilhões. No dia 13 de agosto de 1987, isto é, 26 anos depois, o mundo comemorou a casa dos cinco bilhões. Em 2005 a Terra atingiu os 6,5 bilhões de habitantes, ou seja, registrou um aumento de 1 bilhão de pessoas em relação a 1993, apesar da baixa fecundidade nos países desenvolvidos e da elevada mortalidade nos países em desenvolvimento. Por fim, de acordo com relatório divulgado pela ONU, chegou aos 7 bilhões em 2012, podendo estabilizar-se em 9 bilhões em 2015.

A taxa de crescimento diminuiu de 2% no final da década de 1960, para 1,2% nos dias atuais.

Conclusão

A nossa proposta, em síntese, apoia-se nos seguintes Fundamentos Básicos para a Nova Economia:

1º) Numa sociedade organizada segundo a lei do Cristo, ninguém deve morrer de fome;

2º) Levar em conta o crescimento populacional com políticas que não afetem esse crescimento com métodos abortivos, mas sim com políticas de melhor distribuição de renda, que resulte no controle do egoísmo e não da natalidade;

3º) A Ecologia como caminho para a preservação do planeta deve ter em mente: preservar para crescer e crescer sem  destruir; e

4º) A educação do homem em bases morais, na formação do homem de bem, pela educação do espírito.
 

Gerson Simões Monteiro, ex-professor universitário e economista, é vice-presidente da Rádio Rio de Janeiro.
 

 


 
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