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Ano 3 - N° 110 – 7 de Junho de 2009

ORSON PETER CARRARA
orsonpeter@yahoo.com.br
Matão, São Paulo (Brasil)

 

Hélio Ribeiro Loureiro:

“Viver a doutrina e modificar,
dia após dia, a nós mesmos,
é a proposta a ser seguida”

O confrade niteroiense fala sobre o esforço de unificação
realizado pelos espíritas do Rio de Janeiro, que
resultou em benéficas alterações na coordenação 
do movimento espírita do importante estado

 

Hélio Ribeiro Loureiro (foto), nosso entrevistado da semana, espírita há 27 anos, nasceu em Niterói e reside em São Gonçalo (RJ). Vinculado a diversas instituições e atividades espíritas, reúne rica experiência resultante dos debates e de seus esforços pela unificação do Movimento Espírita no estado do Rio de Janeiro.  

O Consolador: Você viveu toda a transição do movimento de unificação no estado do Rio de Janeiro. Descreva, em síntese, esse processo. 

No  estado  do  Rio  não  existia  nenhum

problema de ordem doutrinária e, sim, um problema criado com a fusão político-administrativa, ocorrida em 1975, entre o estado do Rio e o então estado da Guanabara, hoje cidade do Rio de Janeiro, capital do estado do Rio. Existiam duas federativas e os espíritas da época não conseguiram transformar as duas Casas em uma só. Quando assumimos, no ano de 2000, a presidência da então FEERJ, federativa que representava os espíritas fluminenses, fomos à reunião do Conselho Federativo Nacional da FEB daquele ano e, lá, fizemos a proposta da "união pelo trabalho". Tal processo perdurou por cinco anos, com vários lances onde a vaidade e o orgulho pretenderam se impor, mas a vontade de Deus não poderia ficar ao bel sabor dos envolvidos naquele processo, que, sabíamos, tinha uma condução espiritual muito firme. Finalmente, em 26/3/2006, numa Assembleia memorável, as 113 Casas Espíritas associadas renunciaram à função federativa e se associaram à nova federativa que surgia naquele dia, pois a então USEERJ também renunciou à mesma função e fez uma modificação estatutária, mudando seu nome e aceitando os nossos associados como associados dela. A Assembleia da Unificação foi presidida pelo presidente da FEB, Nestor Masotti, na sede histórica do Centro do Rio de Janeiro, na Avenida Passos, 30. O nome da federativa estadual é, desde então, Conselho Espírita do Estado do Rio de Janeiro – CEERJ. 

O Consolador: Como era antes, com a USEERJ e a FEERJ? 

Como já disse, eram duas federativas, com atuações distintas, em um só estado, resultado da vontade do governo militar de Geisel, que achou que iria, com isso, diminuir o peso da oposição ao seu governo. Ressalto que não tínhamos divergências doutrinárias. 

O Consolador: Quais são, na história da FEERJ, os pontos marcantes?

A Casa de Bezerra de Menezes em Niterói foi fundada em 30/6/1907, por um grupo de entusiastas espíritas, tendo à frente um destacado companheiro, Eugênio Olimpio de Souza, que fora aluno de Dr. Bezerra nos grupos de estudo de "O Livro dos Espíritos" e de "O Evangelho segundo o Espiritismo". Ambos os estudos eram coordenados pelo ilustre Bezerra. Até 1975 foi ela a representante dos espíritas fluminenses junto à FEB. Só deixou de ser após a malfadada fusão a que me referi, pois o Conselho Federativo Nacional decidira que quem tivesse sede na capital do novo estado seria a representante. Ora, com a fusão, Niterói deixou de ser capital e a cidade do Rio de Janeiro passou a ser a capital, daí a então Federação Espírita do Estado da Guanabara passou a ter, com exclusividade, a representação. Antes disso, a FEERJ contribuiu, em muito, para a divulgação e a vivência do Espiritismo. Foi na década de 70, do século passado, que tiveram início de forma pioneira os cursos de formação de evangelizadores da infância e da mocidade, tendo a participação efetiva de Cecília Rocha, hoje vice-presidente da FEB. Foram cursos memoráveis, em várias regiões fluminenses. Nessa época, Floriano Moinho Péres, grande trabalhador da Causa Espírita, era o presidente da FEERJ e sua esposa, Luzia Péres, era a responsável pela infância. Até hoje, o acervo histórico das aulas de evangelização encontra-se em nossa sede, em Niterói. 

O Consolador: A modificação na FEERJ alterou sua programação normal de estudos e divulgação espírita? 

Com a unificação do movimento espírita fluminense, a FEERJ cedeu a função federativa para o CEERJ e fez uma alteração estatutária, passando a denominar-se Instituto Espírita Bezerra de Menezes (IEBM), mantendo as mesmas atividades que funcionam desde a sua fundação, no distante 1907: a de estudar a Doutrina Espírita e a de praticá-la. Neste particular, ela atua através do Instituto Dr. March, braço assistencial espírita, fundado em 3/10/1934, que, em parceria com a prefeitura de Niterói, mantém uma creche para 200 crianças. Deixando de lado a função federativa, o IEBM, nova denominação da FEERJ, passou a ampliar suas atividades, seja na área da divulgação, seja na área do ensino. Hoje, pelas seis reuniões públicas semanais, mais de mil pessoas passam pela Casa.  

O Consolador: Você tem informações quanto ao número de instituições existentes no Rio de Janeiro?  

No estado do Rio de Janeiro existem 94 municípios. Só em seis não existem Centros Espíritas. São 600 os Centros associados ao CEERJ (113 oriundos da ex-FEERJ) e existem uns 300 não associados. Em recente pesquisa, feita pelo amigo Luiz Carlos, do GEUFA, Instituição de Volta Redonda, o interior do estado já superou a capital em número de instituições. O movimento espírita é dividido em Conselhos locais, o Conselho Espírita Unificado – CEU, e em cada CEU existem, congregadas, sete Instituições associadas. Existem 42 CEU's em todo o Estado, sendo que em algumas regiões ou cidades existe mais de um CEU, como é o caso de Volta Redonda, Niterói, S. Gonçalo, Duque de Caxias e Nova Iguaçu, por exemplo.  

O Consolador: Na experiência de palestrante e coordenador de jornadas de divulgação, que fato relevante você gostaria de destacar? 

A experiência no trato com a unificação deu-nos várias lições de vida. Uma delas foi no tocante ao fato de que as Instituições precisam ser visitadas e precisam visitar, por meio das Caravanas organizadas, os diferentes Grupos Espíritas, pois só assim é possível trocar experiências, vivenciar as dificuldades dos outros e experimentar, na prática, os frutos adocicados da unificação, que deve ser, para mim, um movimento constante. Lembro-me também de que devemos, na função de divulgadores de nossa Doutrina, levar sempre, de frente, as obras da Codificação. Kardec ainda é um grande desconhecido, inclusive em nosso meio. 

O Consolador: Indique o site da instituição.  

A nossa federativa fluminense – o CEERJ - tem na internet o seguinte site: www.ceerj.org.br  

O Consolador: O intercâmbio com outros estados é bom? Fale também sobre sua experiência com relação ao Conselho Federativo Nacional. 

Se dentro do estado já é por demais gratificante visitar irmãos de outras Casas, em outros estados nem se fala. A experiência é riquíssima! Das reuniões do Conselho Federativo Nacional, das quais participei ativamente por seis anos, só tenho boas recordações. Ouvir o relato dos companheiros, sentir suas dificuldades, saber das experiências no campo da divulgação, conhecer novas metodologias de estudo, tudo isso faz com que aprendamos sempre mais e mais, neste intercâmbio maravilhoso e gratificante.  

O Consolador: Suas palavras finais. 

O que mais me preocupa hoje é o fato de muitos que se dizem espíritas desconhecerem a proposta básica de nossa querida Doutrina: a mudança, para melhor, de nosso comportamento, de nossos sentimentos. Viver a doutrina, deixar ela entrar em nós, modificando, dia após dia, a nós mesmos, o nosso ser, é a proposta a ser seguida por todos aqueles que se confessam seguidores da Doutrina Espírita.

 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita