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Espiritismo para crianças - Célia Xavier Camargo - Espanhol  Inglês
Ano 4 - N° 173 - 29 de Agosto de 2010

 

Sentir na pele

 


Estava um lindo dia de sol quente e agradável.

Caminhando rumo à escola, Mariana, de sete anos, ia feliz. Tinha na vida tudo o que desejava.

No dia anterior sua mãe lhe comprara um lindo casaco de lã, aquele mesmo que ela tinha visto e amado na vitrina da loja. O inverno se aproximava e Mariana já estava preparada, esperando até com certa ansiedade que o frio chegasse para poder exibir seu casaco novo.

Não tinha andado muito quando viu uma menina que deveria ter a sua idade, e que já vira outras vezes, vindo em sentido contrário. Deveria morar ali perto, pois quando ela voltava da escola a menina estava sempre no ponto de ônibus, esperando a condução. Ela estava sempre vestida

com roupas simples, mas limpas, e tinha um ar alegre no rosto.
   

Durante o período, entretida com as aulas, Mariana não percebeu que o tempo tinha mudado. Pesadas nuvens se acumularam no céu, escondendo o sol. Logo a chuva caiu com força, molhando a terra, depois de uma prolongada seca.

Com as janelas fechadas e as luzes acesas, continuaram as atividades escolares.

Somente no final das aulas, ao sair para o pátio, os alunos se deram conta da queda da temperatura. A chuva tinha parado, mas o frio era intenso.

Mariana se pôs a caminhar, apressada. Nunca tinha sentido tanto frio em toda a sua vida. Ainda bem que sua casa ficava a poucas quadras da escola.

Passando pelo ponto de ônibus, Mariana viu a menina. Nesse dia, especialmente, Mariana sentiu-se ligada àquela garota. Como sempre, ela estava vestida pobremente e deveria também estar sentindo muito frio, tal como ela mesma.

Naquele momento, Mariana se lembrou de que, mesmo em dias bem frios, a menina nunca estava agasalhada!

Passou por ela tremendo de frio e comentou mal-humorada:

— Que frio está fazendo, não é?

A garota olhou-a, sorriu e disse confiante:

— Não se preocupe. Logo passa.

Naquele dia a imagem da garota não saiu da cabeça de Mariana. Enquanto ela estava mal-humorada por sentir frio, a reação da garota era de aceitação, sem revolta.

Chegando a casa, após o almoço, já agasalhada e aquecida, comentou com sua mãe:

— Mamãe, eu vejo sempre uma menina no ponto de ônibus que não tem agasalho. Agora que ganhei um casaco novo, posso dar o velho para ela? Aprendi com Jesus que devemos nos colocar no lugar do outro, para saber o que ele está sentindo. E essa menina não tem agasalho!

— Claro, minha filha. Tem toda razão. Fico feliz ao ver que você se preocupa com o próximo. Onde ela mora? Como se chama? Podemos levar hoje mesmo!

— Não sei nada sobre ela, mamãe.

— Bem, então não tem jeito. Amanhã você leva.

No dia seguinte, Mariana colocou o casaco numa sacola e saiu para a escola, esperando, na volta, encontrar a menina no ponto de ônibus. 

Não tinha andado muito quando viu a garota, que vinha na sua direção. Feliz, correu ao encontro dela, dizendo:

— Que bom tê-la encontrado! Trouxe um presente para você.

A menina olhou-a, surpresa. Mais surpresa ainda ficou ao ver o que havia na sacola.

— Mas... é para mim? Tem certeza de que quer se desfazer dele? É muito bonito! Obrigada! Nem sei como

agradecer. Nunca tive um casaco assim. Aliás, não tenho agasalho. Foi Jesus quem a mandou!

Abraçaram-se contentes. Trocaram informações e endereços, e tornaram-se grande amigas.

Mariana sentia-se realizada por ter conseguido ajudar alguém. E, com seu gesto, ganhara também uma amiga muito querida.
 

                                                Tia Célia


 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita