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Espiritismo para crianças - Célia Xavier Camargo - Espanhol  Inglês
Ano 5 - N° 222 - 14 de Agosto de 2011

 


O presente do Papai
 

Daniel era um menino muito sonhador que estava sempre pensando no que poderia fazer de diferente, e se imaginava subindo montanhas, descendo as corredeiras de um rio, voando de asa-delta.  

Enfim, ele vivia sempre com o pensamento nas nuvens, longe da sua realidade que era ir à escola, fazer os deveres, arrumar seu quarto, cuidar do cachorro e tudo o mais que representava o seu dia-a-dia. 

E Daniel, depois de ficar horas com o olhar perdido ao longe, um dia pediu ao pai: 

— Papai, o senhor me leva para escalar uma montanha? Tenho visto na televisão e não parece tão

difícil assim.    

O pai deixou o jornal de lado e respondeu, cheio de paciência: 

— Daniel, meu filho, você vive com a cabecinha nas nuvens! Escalar montanhas é muito perigoso e, ao contrário do que você pensa, é extremamente difícil e precisa de muito treino e força. Desça para a nossa realidade. Se você quer movimento, por que não se exercita em algum esporte? 

O menino pensou um pouco e respondeu: 

— Não tenho interesse por esportes, papai. Mas, que tal se a gente fosse passar as férias perto de um rio que tivesse corredeiras? Acho legal ver as pessoas descendo em botes pelas corredeiras!  

Novamente o pai fitou o filho e considerou: 

— Filho, você ainda não sabe nem nadar, como sonha em se aventurar em rios de correnteza perigosa? Mas aí está uma coisa interessante: aprenda a nadar!...  

Irritado, o garoto bateu  com o pé no chão. 

— Papai! O senhor nunca concorda com o que eu digo! É sempre do contra. Eu não quero aprender a nadar. Além disso, para andar pelas corredeiras, eles vão de coletes salva-vidas, entendeu?  

Desanimado, o menino saiu de perto do pai pensando: Meu pai não gosta de mim. Está sempre contra tudo o que eu quero fazer! Nunca me ajuda em nada!  

E a distância entre Daniel e o pai só aumentava porque, tentando trazer o filho de volta à realidade, ele cobrava: 

— Meu filho, você já fez seus deveres da escola? Já deu ração e água para seu cachorro? Arrumou seu quarto?  

E Daniel ficava muito zangado porque não gostava de fazer suas obrigações.  

Certo dia o pai o convidou: 

— Daniel, quer acampar? Comprei uma barraca e tudo o que precisa para acampar. Você ainda está de férias e eu também. Então, podemos sair amanhã cedo e voltar no domingo à tarde. Ficaremos três dias acampando. O que acha?  

O garoto aceitou, entusiasmado. Afinal o pai fazia uma proposta interessante. Não era bem o que ele gostaria de fazer, mas já era um começo de aventura.

Muniram-se de alimentos e tudo que era necessário. Depois de colocar tudo no carro, despediram-se da mãe e partiram.  

O dia estava lindo e ensolarado. Estacionaram num parque afastado. Daniel, todo animado, disse que ele montaria a barraca, e o pai concordou e, enquanto tirava as coisas do carro, ficou observando-o.  
 

Os problemas começaram. O garoto achou que era fácil, mas após algum tempo ainda não tinha conseguido montá-la, e reconheceu a dificuldade. O pai pegou o manual de instruções e disse: 
 

— Aqui está, filho. É preciso aprender a montá-la.      

Como Daniel já estava cansado, o pai ajudou-o. Em pouco tempo, a barraca estava de pé. Agora tinham que pensar na refeição. O pai pediu ao   

filho que fosse catar gravetos para fazer uma fogueira, o que ele fez; mas não acharam fósforos para acender o fogo; tinham esquecido.

— E agora, pai? Como vamos fazer? 

O pai disse ao filho que não se preocupasse. Fora escoteiro e sabia como acender o fogo. Logo, com o fogo aceso, pegaram uma panela para cozinhar macarrão. Mas a água que tinham trazido, ao retirar do carro havia derramado. Então, pai e filho foram buscar água no rio que ficava ali perto, voltando cansados pelo esforço.  

Algum tempo depois, conseguiram cozinhar a massa. Daniel estava faminto e achou ótimo o macarrão!  

Naquela noite, como não havia nada para fazer, eles ficaram conversando à luz da fogueira. O pai pôs-se a contar coisas do tempo em que ele era criança e o grupo de escoteiros acampava no meio do mato. Contou histórias engraçadas, perigos que passaram, o muito que ele aprendera nessa época e quanto isso lhe valera ao longo da vida.  

Daniel começou a fazer-lhe perguntas, admirado com tudo o que o pai sabia. Via o pai com outros olhos, alguém que somente agora conhecera de fato e do qual se sentia bem mais próximo.  

Dormiram cedo. Na manhã seguinte, quando Daniel acordou o pai já havia feito o café e esquentado o leite. O menino estava com fome e comeu com vontade o pão amanhecido, que em casa teria rejeitado.  

Foram explorar os arredores e, com o sol esquentando, cansados, aproximaram-se do rio.  Encontrando um pequeno barco, resolveram passear. O barco balançava e Daniel quase caiu. Sentou-se, assustado, e o pai entregou-lhe um dos remos, ensinando-o a remar. Depois de algum tempo, o garoto estava exausto, e eles voltaram à margem.  

Os dias passaram rápidos e precisavam voltar. Em casa foram recebidos com  

alegria pela mãe, que os aguardava ansiosa. Daniel era outro menino e tinha muito para contar:

— Mamãe, eu aprendi a acender fogo, a montar barraca, a remar, a pescar e muito mais! E tudo isso eu devo ao meu pai.   

Nesse momento, Daniel lembrou-se de algo e, olhando o pai com respeito e admiração, disse: 

— Papai, hoje é o Dia dos Pais! Parabéns pelo seu dia! Na verdade, o senhor merecia um presente, mas fui eu que ganhei o presente! Obrigado por tudo! Valeu!...  

— Estes dias que passamos juntos foi o “meu” presente, filho. 

E eles trocaram um grande e afetuoso abraço, felizes pelo entendimento que passara a existir entre ambos. Agora eram mais do que pai e filho, eram companheiros para toda a vida. 

                                                                  MEIMEI 


(Recebido por Célia X. de Camargo, Rolândia-PR, em 18/7/2011.)                         



 


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