Questões para debate
A. Onde se encontra escrita a lei de Deus?
B. De acordo com o ensino espírita, Jesus é o tipo mais perfeito que Deus ofereceu ao homem, para lhe servir de guia e modelo. Ora, considerando que Jesus ensinou as verdadeiras leis de Deus, qual é a utilidade do ensino que os Espíritos nos trazem?
C. Para agradar a Deus e assegurar uma boa posição futura, basta ao homem não praticar o mal?
D. Há diferentes graus no mérito do bem que praticamos?
E. Em quantas partes o ensinamento espírita divide a lei de Deus e qual é, dentre elas, a mais importante?
Texto para leitura
342. A lei natural é a lei de Deus e é a única verdadeira para a felicidade do homem. Ela indica-lhe o que deve fazer ou deixar de fazer, e ele só é infeliz quando dela se afasta. (L.E., 614)
343. A lei de Deus é eterna e imutável, como o próprio Deus. (L.E., 615)
344. Deus não se engana. Os homens é que são obrigados a modificar suas leis, por imperfeitas. As leis de Deus são perfeitas. A harmonia que reina no Universo material, como no universo moral, funda-se em leis estabelecidas por Deus desde toda a eternidade. (L.E., 616)
345. Todas as leis da Natureza são leis divinas, porque seu autor é Deus. O sábio estuda as leis da matéria, o homem de bem estuda e pratica as da alma. O homem pode aprofundá-las, mas uma única existência não é bastante para isso. (L.E., 617 e 617-"A")
346. Entre as leis divinas, umas regulam o movimento e as relações da matéria bruta: são as leis físicas, cujo estudo pertence à Ciência. As outras dizem respeito especialmente ao homem considerado em si mesmo e nas suas relações com Deus e com seus semelhantes: são as leis morais. (L.E., 617, comentários de Allan Kardec)
347. A razão nos diz que as leis divinas são apropriadas à natureza de cada mundo e adequadas ao grau de progresso dos seres que os habitam. (L.E., 618)
348. Os homens podem conhecer a lei de Deus, mas nem todos a compreendem. A compreensão varia de acordo com o grau de perfeição que a alma tenha atingido. (L.E., 619 e 620)
349. O verdadeiro profeta é um homem de bem, inspirado por Deus. Podeis reconhecê-lo por suas palavras e por seus atos. Deus jamais se serve da boca do mentiroso para ensinar a verdade. (L.E., 624)
350. As leis divinas estão escritas por toda parte, no livro da Natureza. Por isso é que seus preceitos foram proclamados, desde todos os tempos, pelos homens de bem e que elementos delas se encontram, apesar de incompletos ou adulterados, na doutrina moral de todos os povos saídos da barbárie. (L.E., 626)
351. É preciso que cada coisa venha a seu tempo. A verdade é como a luz: o homem precisa habituar-se a ela, pouco a pouco; do contrário, fica deslumbrado. Jamais permitiu Deus que o homem recebesse comunicações tão completas e instrutivas como as que hoje lhe são dadas. (L.E., 628)
352. A moral é a regra de bem proceder, isto é, de distinguir o bem do mal. Funda-se na observância da lei de Deus. O homem procede bem quando tudo faz pelo bem de todos, porque então cumpre a lei de Deus. (L.E., 629)
353. O homem, quando crê em Deus e o quer saber, tem meios de distinguir por si mesmo o que é bem do que é mal. Deus lhe deu, para isso, a inteligência. (L.E., 631)
354. Jesus disse: vede o que quereis que vos façam. Tudo se resume nisso. Fazendo assim, ninguém se enganará quanto à distinção entre o bem e o mal. (L.E., 632)
355. Em tudo a lei natural se aplica: quando comeis em excesso, verificais que isso vos faz mal. A lei natural traça para o homem o limite das suas necessidades. Se ele o ultrapassa, é punido pelo sofrimento. Se atendesse sempre à voz que lhe diz – basta, evitaria a maior parte dos males, cuja culpa lança à Natureza. (L.E., 633)
356. Por que o mal está na natureza das coisas? Não podia ter Deus criado a Humanidade em melhores condições? Resposta: "Já te dissemos: os Espíritos foram criados simples e ignorantes. Deus deixa que o homem escolha o caminho. Tanto pior para ele, se toma o caminho mau: mais longa será sua peregrinação. Se não existissem montanhas, não compreenderia o homem que se pode subir ou descer; se não existissem rochas, não compreenderia que há corpos duros. É preciso que o Espírito ganhe experiência; é preciso, portanto, que conheça o bem e o mal. Eis por que se une ao corpo". (L.E., 634)
357. A lei de Deus é a mesma para todos; mas o mal depende principalmente da vontade que se tenha de o praticar. O bem é sempre o bem e o mal sempre o mal. Somente há diferença quanto ao grau da responsabilidade. Tanto mais culpado é o homem, quanto melhor sabe o que faz. (L.E., 636 a 638)
358. O mal recai sobre quem lhe foi o causador. Assim, aquele que é levado a praticar o mal pela posição em que seus semelhantes o colocam, tem menos culpa do que os que, assim procedendo, o ocasionaram. Cada um será punido, não só pelo mal que haja feito, mas também pelo mal a que tenha dado lugar. (L.E., 639)
359. Aquele que não pratica o mal, mas se aproveita do mal praticado por outrem, é culpado tanto quanto se o houvera praticado. Aproveitar do mal é participar dele. (L.E., 640)
360. Será tão repreensível, quanto fazer o mal, desejá-lo? Resposta: "Conforme. Há virtude em resistir-se voluntariamente ao mal que se deseja praticar, sobretudo quando há possibilidade de satisfazer-se a esse desejo. Se apenas não o pratica por falta de ocasião, é culpado quem o deseja". (L.E., 641)
361. Não existe ninguém que não possa fazer o bem. Somente o egoísta nunca encontra ensejo de o praticar. Não há um dia da existência que não ofereça a quem não seja egoísta oportunidade de praticá-lo. Porque fazer o bem não consiste, para o homem, apenas em ser caridoso, mas em ser útil, na medida do possível, todas as vezes que o seu concurso venha a ser necessário. (L.E., 643)
362. Para certos homens, o meio onde se acham colocados representa a causa primária de muitos vícios e crimes, mas ainda aí há uma prova que o Espírito escolheu, quando em liberdade, levado pelo desejo de expor-se à tentação, para ter o mérito da resistência. (L.E., 644)
363. Mesmo mergulhado na atmosfera do vício, o arrastamento para o mal jamais é irresistível, porquanto dentro do ambiente do vício deparamos com grandes virtudes. (L.E., 645)
364. O mérito do bem está na dificuldade em praticá-lo. Nenhum merecimento existe em fazê-lo sem esforço e quando nada custe. Em melhor conta tem Deus o pobre que divide com outro o seu único pedaço de pão, do que o rico que apenas dá do que lhe sobra, disse-o Jesus, a propósito do óbolo da viúva. (L.E., 646)
Respostas às questões propostas
A. Onde se encontra escrita a lei de Deus?
Na consciência. (O Livro dos Espíritos, questões 621, 621-"A" e 622.)
B. De acordo com o ensino espírita, Jesus é o tipo mais perfeito que Deus ofereceu ao homem, para lhe servir de guia e modelo. Ora, considerando que Jesus ensinou as verdadeiras leis de Deus, qual é a utilidade do ensino que os Espíritos nos trazem?
Jesus empregava amiúde, na sua linguagem, alegorias e parábolas, porque falava de conformidade com os tempos e os lugares. Faz-se mister agora que a verdade se torne inteligível para todo mundo; por isso, é necessário que aquelas leis sejam explicadas e desenvolvidas, tão poucos são os que as compreendem e ainda menos os que as praticam. A missão dos Espíritos superiores consiste em abrir os olhos e os ouvidos a todos, confundindo os orgulhosos e desmascarando os hipócritas e os que vestem a capa da virtude e da religião, a fim de ocultarem suas torpezas. (Obra citada, questões 625, 627 e 628.)
C. Para agradar a Deus e assegurar uma boa posição futura, basta ao homem não praticar o mal?
Não. Cumpre-lhe fazer o bem no limite de suas forças, porquanto responderá por todo mal que haja resultado de não haver praticado o bem. (Obra citada, questões 630, 641 e 642.)
D. Há diferentes graus no mérito do bem que praticamos?
Sim. O mérito do bem está na dificuldade em praticá-lo. Nenhum merecimento há em fazê-lo sem esforço e quando nada custe. Em melhor conta tem Deus o pobre que divide com outro o seu único pedaço de pão, do que o rico que apenas dá do que lhe sobra, disse-o Jesus, a propósito do óbolo da viúva. (Obra citada, questões 643 e 646.)
E. Em quantas partes o ensinamento espírita divide a lei de Deus e qual é, dentre elas, a mais importante?
Em dez partes, tal como Moisés a dividiu com vistas a abranger todas as circunstâncias da vida, o que é essencial. A última parte – a lei de justiça, amor e caridade – é, porém, a mais importante, por ser a que faculta ao homem adiantar-se mais na vida espiritual e porque resume todas as outras. (Obra citada, questões 647 e 648.)